Desde 2019, municípios revezavam no pódio por colocações que garantem medalhas de ouro, prata e bronze. Porém, produção menor e preço mais baixo do minério derrubaram-nos do G-3. Pela primeira em três anos, os municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás não marcam presença no pelotão dos três maiores exportadores do Brasil. É o que acaba de constatar o Ministério da Economia, pelos números da balança comercial analisados com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu nesta segunda-feira (16). A última vez em que Parauapebas ou Canaã deixou de marcar presença nas estatísticas consolidadas de comércio exterior no mês de abril foi em 2019. Para além de meras estatísticas, os dados do Ministério da Economia trazem informações subliminares que apontam para a perda de força da atividade extrativa mineral em Parauapebas, que tem apenas o minério de ferro como produto disponível à exportação. Canaã dos Carajás, que também tem no ferro o carro-chefe, possui a vantagem de contar com o cobre em seu portfólio. No mês de abril, foram exportados de Parauapebas 589,06 milhões de dólares, queda absurda de 34,78% frente aos 903,2 milhões exportados no mesmo período do ano passado. Desde que começou a ser exportador de commodities, Parauapebas jamais houvera passado por um abril tão ruim. O fato se deve, em parte, à diminuição da produção nas minas de Serra Norte, que estão se esgotando. Enquanto novas frentes de lavra não têm o licenciamento concluído, a
mineradora multinacional Vale pisa no freio estrategicamente. Em Canaã dos Carajás, o problema não é falta de minério para lavrar, mas paradas técnicas para elevar a produção. Na poderosa mina de S11D, situada na Serra Sul de Carajás, a Vale age minuciosamente como um arqueiro, que puxa o arco para trás para que a flecha possa ir cada vez mais longe. Ou seja, a empresa pisa no freio para rever estratégias de lavra a fim de potencializar a produção no futuro, que, aliás, terá capacidade ampliada. Mês passado, foram exportados da Terra Prometida 505,6 milhões de dólares, 33,68% menos que em abril de 2021. Os maiores exportadores de abril foram os municípios do Rio de Janeiro (1,347 bilhão de dólares, duas vezes e meia o valor de Parauapebas), Duque de Caxias-RJ (1,048 bilhão de dólares), São Paulo (660,15 milhões de dólares) e São Francisco do Conde-BA (609,71 milhões de dólares). Parauapebas surge na 5ª posição, seguido de Santos-SP (565,65 milhões de dólares), Paranaguá-PR (528,29 milhões de dólares) e, por fim, Canaã dos Carajás, na 8ª. Preço é maior dos detalhes O grande entrave da queda no valor das exportações de Parauapebas e Canaã dos Carajás é, no momento, menos o volume físico e mais a queda na cotação média do minério de ferro. Em abril deste ano, por exemplo, Parauapebas exportou 6,15 milhões de toneladas de minério ante 6,8 milhões no ano passado, ao passo que o volume processado em Canaã foi de 5,29 milhões de toneladas este ano ante 5,36 milhões de toneladas em 2021. Houve queda, sim, mas não tão impactante a ponto de fazer a movimentação financeira despencar 34% em ambas as localidades. O Blog do Zé Dudu analisou a queda pela ótica da cotação média, e ela pode explicar o cenário. É que, em abril do ano passado, o preço do minério chegou a bater 180 dólares por tonelada, enquanto atualmente oscila com dificuldade entre 120 e 125 dólares, o que impõe até 30% de desvalorização, a depender da cotação do dia. O preço do minério é, finalmente, o inimigo oculto das duas principais praças produtoras de minério de ferro do Brasil. Fonte: Zé Dudu