Adolescente, de 17 anos, teria saído para comprar um lanche e, na volta, foi impedida pelo homem, que forçou o portão e deixou a aluna com hematomas no braço e nas pernas A mãe de uma aluna de 17 anos da unidade da Tijuca do Colégio Pedro II, na Zona Norte do Rio, acusa a direção da escola de omissão em um caso de agressão envolvendo um inspetor da escola. Segundo ela, no dia 3 de setembro, o profissional teria forçado o portão contra a menina para impedi-la de retornar ao colégio após sair para comprar um lanche. Mesmo com a ciência da direção sobre o ocorrido, apesar de ter convocado uma reunião, a instituição de ensino não tomou nenhuma providência. De acordo com o relato da mãe, a jovem, que cursa o 2º ano do ensino médio, estava em aula, em um sábado, e teria pedido ao inspetor para comprar um lanche, já que a cantina da unidade está fechada desde o início da pandemia. O funcionário, identificado como Renato Athanazio Ferreira, de 66 anos, teria impedido inicialmente a saída da aluna, mas ela procurou o diretor do colégio, Jesen Baptista dos Santos Junior, que permitiu a saída. Na volta, Renato teria proibido a entrada da adolescente empurrando o portão contra ela. “Todo mundo sai para comprar lanche lá, porque a cantina está fechada. Minha filha pediu para sair e ele negou. Ela foi na direção da escola e o diretor autorizou. Quando ela acabou de lanchar, um outro aluno também estava entrando. Ele passou e o inspetor fechou a portão na hora. Ela ainda tentou passar junto com uma professora, mas ele forçou o portão e a empurrou, o que acabou machucando o braço e as pernas dela”, reclamou. Segundo a mãe, a estudante já fazia tratamento contra a ansiedade e depressão, com conhecimento dos profissionais da escola, e que, após ser proibida de entrar, chorou muito. “Minha filha precisou ficar três meses afastada da escola para se tratar. Quando eu recebi a ligação dela, muito nervosa, chorando e dizendo que foi agredida, fui imediatamente para lá. No caminho, liguei para a PM e o policial pediu que eu retornasse o contato quando chegasse lá”, disse. Quando chegou no colégio, encontrou a filha mais calma. No entanto, devido a uma crise de ansiedade, tinha passado mal e vomitado. A estudante estava acompanhada de Jesen, que teria pedido à responsável que o acompanhasse até a sala da direção para resolver “da melhor forma possível e sem envolver a polícia”. A mulher negou e afirmou que registraria um boletim de ocorrência. “Eu perguntei se ele tinha alguma coisa para me falar e que eu só conversaria na presença de um policial”, afirmou. Quando os policiais militares chegaram, levaram a jovem, acompanhada da mãe, para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca para realizar atendimento médico. O médico que a atendeu verificou que existiam lesões e orientou a responsável a prestar queixa na delegacia. A equipe conduziu, então, a vítima para a 18ª DP (Praça da Bandeira) para registrar ocorrência. Na delegacia, foi solicitado um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), que novamente confirmou as agressões sofridas pela jovem e o laudo foi encaminhado diretamente para o inquérito. Segundo a mãe, no mesmo dia, ela enviou um e-mail para a direção da escola com todos os exames da filha e, na segunda-feira seguinte, uma assistente social teria convocado uma reunião para a quarta-feira. “Eles disseram que estavam tristes com tudo que tinha acontecido e que tomariam uma providência a respeito. Só que a minha filha voltou para a escola e o inspetor continua lá. Ela se sente coagida quando passa por ele nos corredores”, afirmou. Procurada, a assessoria do colégio se manifestou por meio de nota. “A Direção-Geral do Campus Tijuca II informa que após o episódio houve uma reunião no Setor de Orientação Educacional e Pedagógico (Soep) com a presença da aluna e de sua responsável para tratar sobre o fato, em encontro que transcorreu sem incidentes.
A aluna em questão sempre recebeu o devido acolhimento pelo Soep e Assistência Estudantil do campus, que seguem acompanhando a evolução da estudante para fornecer o suporte necessário em âmbito escolar.
A Direção-Geral realizou a apuração do caso respeitando a imparcialidade e a impessoalidade no processo de averiguação. Tendo recebido relatórios das partes envolvidas, a Direção-Geral dará conhecimento do incidente à Comissão de Ética do Colégio Pedro II para avaliação e possíveis providências do órgão.
O servidor envolvido foi realocado para setor do campus em que não há contato direto com estudantes e atende apenas docentes”, informa a nota. Segundo o delegado Adriano Marcelo Firmo França, responsável pela 18ª DP (Praça da Bandeira), a ocorrência foi registrada como lesão corporal culposa e o inquérito já foi enviado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) e que, agora, cabe à Justiça informar o andamento do processo. A assessoria do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) informou que, por se tratar de um funcionário público federal, no exercício da função, o processo foi enviado ao Tribunal Regional Federal (TRF-2). Procurada, a assessoria do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) não se pronunciou sobre o andamento do processo. Colégio foi alvo de escândalo envolvendo sexo entre menores em setembro Em setembro o Colégio Pedro II frequentou os noticiários devido a um caso de sexo em grupo envolvendo alunos menores de idade, no Campus Realengo, na Zona Oeste do Rio. Áudio divulgados por alunos relatavam que um grupo de adolescentes, entre 12 e 17 anos, teriam feito sexo grupal em uma das salas da unidade. À polícia, os jovens negaram o ato libidinoso, e disseram que, no último dia 13, quatro casais foram para a sala 12 da escola para namorar, e dois desses casais fizeram sexo na presença dos outros. Segundo o delegado Flávio Rodrigues, responsável pelas investigações, a prática libidinosa não foi flagrada por funcionários da escola. O caso ficou conhecido pelo vazamento de mensagens trocadas em um aplicativo. A direção geral do Colégio Pedro II Campus Realengo informou, no último dia 17, que foi aberto processo disciplinar e os estudantes identificados como envolvidos foram suspensos por cinco dias.
“As atitudes inadequadas e desrespeitosas realizadas por um pequeno grupo de estudantes no campus não podem, nem devem, serem usadas para macular a imagem dos demais estudantes, tampouco do trabalho árduo e importante dos servidores dessa instituição”, disse o comunicado. Fonte: O Dia