Oferta de bolsas, de R$ 1 mil mensais, tem objetivo de manter estudantes indígenas cursando o ensino superior. Cinquenta universitários indígenas, que passaram por processo seletivo, serão contemplados para receber bolsas de estudo, no valor de R$ 1 mil por mês. O edital foi lançado pela Vale em parceria com o Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN). A iniciativa, que faz parte do Programa Indígena de Permanência e Oportunidade na Universidade (PIPOU), tem o objetivo de contribuir para que esses estudantes sigam cursando o ensino superior e está em linha com o pilar estratégico da empresa Novo Pacto com a Sociedade. Dentre os 50 estudantes contemplados, 21 são do povo Guajajara, 15 do povo Gavião, 10 do povo Tupiniquim, 3 do povo Krenak e 1 do povo Guarani. Com relação ao gênero, 36 são mulheres e 14 são homens. Todos estão regularmente matriculados em instituições de ensino superior no país, sendo a maioria (45) em universidades públicas, entre as quais, a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Federal de São Carlos, entre outras. Dentre os cursos de graduação mais frequentados, estão os de Enfermagem e Pedagogia, mas há também estudantes de Medicina, Direito, Engenharia Civil, Artes Cênicas, Psicologia, Matemática, Agronomia, entre outros. Além do apoio financeiro, os selecionados para o programa receberão ainda um computador portátil. A seleção dos candidatos foi realizada por uma equipe técnica da Vale e do ISPN, além de três convidados indígenas com experiências em educação superior e povos indígenas. Um dos principais critérios da seletiva foi a proposição de projetos de intervenção voltados às comunidades, nos campos da educação escolar, gestão territorial e ambiental, saúde, fortalecimento da associação indígena, entre outros. Os projetos poderiam ser inéditos e/ou de incremento de ações já em curso nos territórios indígenas. “É uma satisfação muito grande poder contribuir por meio da educação com esses diferentes povos e estudantes de diversas áreas. O relacionamento da Vale com povos indígenas é de longa data, baseado em escuta ativa e diálogo aberto, sendo uma de nossas principais diretrizes a contribuição para o etnodesenvolvimento dessas populações. Essa iniciativa só reforça o nosso compromisso com esses povos, que preza pelo respeito à diversidade cultural e aos direitos dos indígenas”, afirma Camilla Lott, gerente executiva de Gestão Social da Vale. “O processo seletivo foi bem difícil, pois, de um modo geral todas as candidaturas foram muito boas. Sobretudo, ficamos muito bem impressionados com a qualidade e a criatividade dos projetos de intervenção, alguns inovadores mesmo, como o projeto de uma estudante de psicologia que vai organizar rodas de conversa na aldeia para tratar as sequelas da pandemia da Covid-19; e de outra estudante de matemática que vai ofertar aulas de reforço dessa disciplina para alunos da escola da sua aldeia; e ainda outra proposta de um estudante de ciências sociais que visa promover discussões em sua universidade sobre a implementação de ações afirmativas para estudantes indígenas”, destaca Ingrid Weber, assessora técnica do ISPN. O estudante universitário Kumreiti Cardoso Kine, 24 anos, da Aldeia Krijõhere, TI Mãe Maria, sempre foi interessado pelas áreas de educação e sociologia e isso foi sua maior influência para fazer faculdade. Hoje, aluno do curso de Licenciatura em Ciências Sociais na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Uniesspa), em Marabá, no Pará, Kumreiti diz que a importância da bolsa de estudos vai além da contribuição com a sua formação acadêmica. “A bolsa de estudos é muito importante. Primeiramente, a aldeia fica a 40 km da Unifesspa e vai me ajudar no transporte, na internet. Ao mesmo tempo, esse projeto que eu vou ter daqui pra frente com educação, fotografia e vídeos vai contribuir para fortalecer a cultura indígena! Essa bolsa é fundamental, porque ela irá ajudar tanto na minha formação acadêmica, quanto para a educação indígena do meu povo, da TI Mãe Maria”, ressalta. Neste primeiro edital, puderam se inscrever estudantes dos povos Parkatêjê, Kyikatêjê e Akrãtikatêjê(TI Mãe Maria – no Pará), Guajajara (TIs Rio Pindaré e Caru, no Maranhão); Tupiniquim e Guarani (TIs Tupiniquim Guarani, Caieiras Velhas II e Comboios, no Espírito Santo); e Krenak (TI Krenak, em Minas Gerais). A ideia é que o programa seja ampliado no próximo ano, contemplando estudantes indígenas de mais povos/Terras Indígenas do país. Sobre o relacionamento da Vale com indígenas A Vale atua com foco no relacionamento construtivo, de benefícios mútuos, baseado no respeito à diversidade cultural e aos direitos dessas populações, reconhecendo a relação diferenciada que têm com o território, que envolve não só aspectos físicos e socioeconômicos, mas também culturais e espirituais. Entre as diretrizes para o relacionamento da Vale com Povos Indígenas estão a contribuição para o etnodesenvolvimento dessas populações; o respeito e promoção dos direitos, culturas, costumes, patrimônio e à subsistência dos Povos indígenas e Comunidades Tradicionais. fonte: ZÉ DUDU.