Sebastião Curió Rodrigues de Moura, 87 anos, faleceu na madrugada desta quarta-feira (17), em Brasília (DF), de causas naturais. Morreu no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, na madrugada desta quarta-feira (17), o coronel da reserva do Exército Sebastião Curió Rodrigues de Moura, aos 87 anos de idade. Nascido em São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais, ele era mais conhecido como Major Curió. Foi prefeito de Curionópolis, município cujo nome o homenageia, por dois mandatos seguidos, de 2001 a 2008. Curió morreu de causas naturais, segundo boletim da casa de saúde. Major Curió foi o oficial do Exército que combateu o movimento contrário à ditadura militar, que atuou entre as décadas de 1960 e 1970. O combate entre guerrilheiros do PC do B e militares ocorreu na divisa dos estados de Goiás, Pará e Maranhão, deixando mortos 67 opositores à ditadura. Ao todo foram três campanhas com muitas baixas no lado Exército, que não admite a morte de mais de 100 militares — a maioria soldados recém engajados e com nenhuma experiência de combate na Selva. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Curió e os militares subordinados a ele chegaram a matar pessoas mesmo estando rendidas e sem apresentar resistência a eles. Foi denunciado por homicídio e ocultação de cadáveres durante o combate à guerrilha. “[Os crimes] foram comprovadamente cometidos no contexto de um ataque sistemático e generalizado contra a população civil brasileira, promovido com o objetivo de assegurar a manutenção do poder usurpado em 1964, por meio da violência”, afirmou o MPF na peça da denúncia. O MPF o responsabilizou pelos assassinatos de dez opositores à ditadura; por sequestro e cárcere privado de seis vítimas; e por falsidade ideológica, uma vez que ele usou várias identidades como Antônio Luchini e Paulo Tibiriçá, além de ter se disfarçado de repórter da TV Globo. No ano de 1980, Curió foi designado, pelo governo militar, interventor do garimpo de Serra Pelada, se tornando a única autoridade civil e militar da região. Na direção do maior garimpo a céu aberto do mundo, ele proibiu a entrada de mulheres, cachaça e armas. Contava-se no garimpo, que, aos insatisfeitos com as medidas, Curió dizia que o revólver dele, era o que “cantava mais alto”. Nas eleições de 1982, foi eleito deputado federal pelo Pará. Em 2000, ele foi eleito prefeito de Curionópolis, com apoio da classe garimpeira, movimentos religiosos e até de camponeses, assumindo o mandato em 2001. Quando assumiu o cargo, convocou a população para um pronunciamento em praça pública. Agradeceu aos eleitores que o elegeram e deu um recado: “Os bandidos da cidade têm 24 horas para me procurar amanhã na Prefeitura. Vou dar dinheiro e passagem sem volta. Quem ficar, vai ser pior”, alertou. Durante o seu mandato, a cidade foi a mais pacífica em todo o Pará. Nessa época, manchetes de crimes de mando pela disputa da terra eram manchetes nacionais nos jornais e televisões do país. Já aposentado e doente, em 2010, Major Curió conversou com o repórter Val-André Mutran, do Blog do Zé Dudu em Brasília e disse que apoiava a criação do Estado do Carajás. “Será a melhor coisa que se possa fazer pela Amazônia”, disse entusiasmado. O plebiscito foi derrotado, mas 98% da população local votou a favor da divisão do Estado do Pará. Os garimpeiros, eleitores de peso de Curió, também apoiaram a causa. Numa de suas últimas aparições em público, Sebastião Curió foi recebido, em maio de 2020, pelo presidente Jair Bolsonaro, no Palácio do Planalto.
A família não quis comentar a morte e nem informar onde será o enterro. Fonte: Blog do Zé Dudu